Reeducandos do sistema prisional alagoano, concluintes dos cursos do Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) ofertados pelo Instituto Federal de Alagoas – Ifal nas unidades penitenciárias, participaram na manhã desta quarta-feira (26) da solenidade de certificação, no presídio Santa Luzia.
O reitor do Ifal, Sérgio Teixeira, a coordenadora geral do Pronatec no instituto, Rosângela Luz, e representantes da Superintendência Geral de Administração Penitenciária (SGAP) do estado conduziram a entrega dos diplomas a formandos dos cursos de Formação Inicial e Continuada nas áreas de Recepcionista, Almoxarife de Obras, Inglês Instrumental e Auxiliar Administrativo Escolar.
Sérgio Teixeira manifestou publicamente o desejo de ampliar a parceria com o SGAP e desenvolver atividades extensionistas no complexo penitenciário, além de diversificar a oferta de cursos. “Com formação técnica, a empregabilidade aumenta. Só tem oportunidade no mundo do trabalho quem está qualificado”, defendeu o reitor.
Durante o evento, a professora Josenilda de Oliveira falou ainda do envolvimento e da receptividade do alunado. “Nós, profissionais, crescemos quando lidamos com pessoas como vocês, que ao mesmo tempo em que estão pagando suas penas, têm com que contribuir, têm o que ensinar”, declarou aos detentos.
Para a gerente de Educação da SGAP, Andréa Rodrigues, o Pronatec é uma qualificação inicial, mas pode ser um diferencial na vida profissional de muita gente. Rosângela Luz concordou que o certificado vai abrir portas para os reeducandos. “Qualquer um de nós que busca o conhecimento, busca também a transformação”, refletiu a gestora.
O superintendente adjunto da SGAP, tenente-coronel Marcos Sérgio, ressaltou a importância de propiciar oportunidades de “mudança de vida” às pessoas sancionadas pelo poder judiciário. Ele convidou uma das reeducandas para se pronunciar em nome dos outros concluintes. Como voluntária, Silvana Monteiro, de 50 anos, emocionou a plateia ao recitar trechos de “Invictus”, poema que inspirou o líder africano Nelson Mandela nos anos de prisão.
Na ocasião, a estudante proferiu palavras de incentivo à realização de sonhos. “Agradeço a confiança que depositaram em nós, em um momento em que estamos destituídos de confiança. É como se estivéssemos ressurgindo de alguma coisa que foi, para alguma coisa que será”, emendou.
Perguntada sobre as expectativas para o futuro, Silvana revelou o desejo de que o Pronatec continue sendo usado como instrumento de reabilitação no sistema carcerário. “Nessa circunstância de confinamento, partilhar com as colegas tantos ensinamentos foi essencial para não cortar o vínculo com o mundo lá fora, com as coisas que eu já tinha aprendido. E os professores são maravilhosos, tiraram o melhor de todos nós e nos deram o melhor deles”, acrescentou a entrevistada.